Por terras dos Francos IX

Em Verdun, o solo ainda mostra as cicatrizes dos violentos combates de 1916




VERDUN - Capital Mundial da Paz

Em plena I Guerra Mundial, vivia-se em 1916 uma situação de impasse na Frente Ocidental. Após uma primeira fase em que os alemães conseguiram colocar o exército francês em retirada e chegaram mesmo a bombardear os subúrbios de Paris, o avanço alemão viu-se barrado na batalha do Marne.

Da Alsácia ao Canal da Mancha, forma-se uma frente de batalha estática em que a cada ataque de uma das partes se sucede um contra-ataque do adversário sem quaisquer resultados práticos de uma parte ou de outra. É a Guerra de Posições no seu auge.

Consciente de que os franceses e ingleses planeiam um ataque em larga escala no Somme, o comandante do exército alemão, o General von Falkenhain decide antecipar-se e ferir de morte o exército francês com um golpe decisivo. Depois de algumas hipóteses é escolhida a zona de Verdun, a cerca de 300km a sul do Somme, um "espinho" na linha da frente. 

Verdun é um local que faz parte da mitologia nacional francesa, como Guimarães faz parte da mitologia nacional Portugal pois foi aí que os netos de Carlos Magno assinaram no Séc. IX o tratado que deu origem à França (e também à Alemanha).

O plano de Falkenhain é simples: lançar um ataque total sobre a região fortificada de Verdun para aí atrair e aniquilar o exército francês. Falkenhain apoia-se no facto de a alemanha possuir maiores reservas humanas para se sobrepor ao exército francês e ao, mesmo tempo, planeia com isto desferir um golpe moral fortíssimo na moral da França para levar a à capitulação.

A 21 de Fevereiro um intenso bombardeamento de 1.200 peças de artilharia sobre uma frente de 10km assinala o início do combate, largando sobre as posições francesas 2 milhões de obuses apenas nos dois primeiros dias! Em seguida a infantaria avança sobre as devastadas trincheiras francesas não esperando qualquer resistência da parte dos seus defensores. Contudo a realidade é diferente. Os pequenos grupos sobreviventes do exército francês que ficaram isolados decidem resistir a todo o custo conseguindo com isso travar o avanço alemão o suficiente para permitir a reorganização da defesa da região fortificada de Verdun.

O General Pétain é encarregue da defesa de Verdun e lança a frase da ordem: "Eles não passarão!". Com bastante inteligência, redistribui os recursos pela linha da frente ao mesmo tempo que a estrada que liga Bar-le-Duc a Verdun, a única estrada ainda segura, é usada para trazer reforços e abastecimentos. Denominada "Via Sagrada", por ela chegam a Verdun 50.000 homens e 90.000 toneladas de equipamento por semana em camiões que passam a cada 14 segundos a uma velocidade 40 km/h.


Ainda assim, o forte de Douaumont, considerado o ponto central de toda a região fortificada frente a Verdun cai sem combate em mãos alemãs e mais tarde, a segunda fortaleza mais importante, o forte de Vaux, rende-se também após uma resistência heróica. Os alemães conseguem chegar a dada altura a 3km de Verdun e é anunciada a queda do forte de Souville, ultimo ferrolho antes de Verdun. No entanto o anúncio é prematuro pois a guarnição de Souville não se rende e continua a combater dentro das galerias da fortaleza resistindo até que um contra-ataque consegue libertar o forte.


Ao mesmo tempo, a partir de Junho de 1916, os aliados conseguem afectar recursos suficientes para desencadear o ataque no Somme obrigando os alemães a transportarem para aí várias divisões que combatem em Verdun. Este momento marca a viragem em Verdun pois os alemães ficam em definitivo na defensiva.


Daí até Novembro, os franceses conseguem reconquistar praticamente todo o terreno perdido no início da batalha, reconquistando inclusive os fortes de Douaumont e Vaux mais uma vez sem combate.


No final, tudo volta à primeira forma e em Novembro termina a batalha. Balanço final: 350.000 mortos do lado francês e 320.000 mortos do lado alemão.

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