Saldo da pausa pascal - Parte 3 (logicamente após a 2)

O local visitado que arrebatou por esmagadora vitória o prémio para o local mais misterioso foi sem dúvida o convento de São Francisco do Monte, situado perto da zona da Abelheira, na freguesia de Santa Maria Maior (não sei onde fica a Menor), num local ermo das faldas do Monte de Santa Luzia e, como qualquer convento em ruínas que se preze, diz-se que é assombrado.

Numa tarde algo encoberta, tivémos a sorte de conseguir os préstimos de 2 guias conhecedores do terreno como ninguém (tenho até a impressão de ter visto um deles a orientar-se pela palma da mão aquando da decisão do caminho a seguir), que nos guiaram até ao convento, após um percurso que passou por uma calçada de largo lajeado, até ao impressionante portão de entrada e depois por entre a vegetação, por vezes cerrada, que preenche as ruínas.

O convento em si foi construído em 1392 e foi o 3º convento franciscano a ser construído em Portugal e foi habitado até 1625 data em que os frades foram transferidos para outro convento, tendo entretanto sido alvo de importantes obras de reconstrução em 1548. Votado ao abandono, viria a ser recuperado em 1736 ( o coro alto estaria bastante danificado) tendo funcionado como convento até 1834, data em que foram extintas pelo Governo Liberal todas as ordens religiosas masculinas.

Actualmente, à semelhança de muitos outros edifícios do género, encontra-se em ruínas à espera de melhores dias, tendo sido avançada a hipótese de ser adaptado e qualificado para a Escola de Hotelaria e Turismo, que acabou por ficar no Forte de Santiago da Barra, ou mais tarde, de ser adquirido pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo. Enquanto as decisões não se tomam e os trabalhos não se iniciam, o convento, esse, cada vez mais se vai tornando uma memória, isto apesar de alguns trabalhos esporádicos de limpeza (1985 e 1987).

Entretanto, dos trabalhos de 1987 e de escavações já em 1988, constatou-se que terão existido aqui dois templos antes do convento ter sido construído.




Fachada no pátio central, oposta ao portão de entrada, ostentando um grande brasão.

Torre Sineira, envolta em vegetação


Fresco num altar lateral da nave central da Igreja do Convento


Curiosa disposição das Armas Nacionais, onde os castelos de Afonso III aparecem dentro do escudo em número de 4 e os escudetes laterais aparecem ainda deitados. Se esta última particularidade foi vulgar até ao reinado de D. João II (séc XV), já em relação aos castelos não deixa de ser para mim inédito.


Pormenor do Claustro do Convento cujo pavimento está cheio de tampas de sepultura. Sobre o pórtico do claustro assentava um 2º piso (veem-se os buracos de encaixe das vigas de suporte do soalho) com uma varanda a toda a volta que estava dotada de colunas que suportavam um telhado, cujas águas escorreriam para o espaço aberto do claustro. ;) (A minha minhota é fantástica!)


Escadaria interior de acesso ao 2º piso.


Pormenor de um dos compartimentos no qual existia uma fonte.

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