Choque tecnológico

A Pen da discórdia


Foi atribulada a apresentação do Orçamento de Estado para 2009. Se na véspera a apresentação foi adiada devido a "problemas informáticos", uma designação muito vaga que tanto pode significar que os computadores explodiram como que os utilizadores copiaram o ficheiro errado, já no dia da apresentação a coisa também não foi muito famosa e, segundo os boatos que correram pela imprensa, o ficheiro que o Sr Ministro transportou numa pen, estaria incompleto. Das dificuldades do manuseio do complicado dispositivo portátil de armazenamento de informação até uma eventual de hardware, as explicações para tal não são unânimes.

Teixeira dos Santos com um aparente bom humor, afirmou que até um computador Magalhães conseguiria abrir aquele ficheiro. Nós por aqui tomamos a liberdade de acrescentar que sim senhor o Magalhães abriria aquele ficheiro, mas só se estivesse a ser utilizado por um daqueles senhores professores que receberam formação no uso do mesmo e que, inclusive, sabem cantar tal como podemos constatar no vídeo abaixo:







Este Magalhães está a dar cabo de mim


Essa formação foi aliás outro momento alto da semana e foi bem descrito por um dos intervenientes na formação, o professor e coordenador de TIC Paulo Carvalho, no seu blog.


Curiosamente a formação de 2 dias começou também com uma rábula à volta de uma pen. Ao que parece, a Intel, entidade responsável pela organização da formação, preparou cerca de 100 pens com o conteúdo de apoio da formação para distribuir aos participantes... que eram cerca de 200.


A seguir, os presentes foram brindados com uma formação manifestamente multicultural, um verdadeiro hino à Globalização, uma vez que tiveram direito a apresentações em inglês, proferidas com sotaque russo e apoiadas em diapositivos Powerpoint em português. Claro, que todo o discurso foi convenientemente traduzido para português por um grupo de senhoras expressamente contratadas para o efeito. Tudo isto pontilhado por diversos problemas de ligação à rede local que ninguém conseguia resolver.



À tarde a coisa pelos vistos animou. Sob a orientação de 3 senhoras da Intel, os professores/formandos presentes foram aliciados, com a promessa do sorteio de 3 fantásticos Magalhães, a inventar canções sobre o Magalhães, de preferência com alguma dramatização à mistura. Para reforçar a determinação dos participantes, informou-se em alto e bom som que quem não participasse não teria direito a entrar no sorteio.


Segundo consta, poucos foram aqueles que se recusaram a participar em algo que estava referenciado no programa oficial dos 2 dias de formação como "Jornada de Trabalho com a Intel".


A mim, custa-me a acreditar que os professores se tenham prestado a este tipo de "performance" artística numa sessão onde, supostamente, deveriam estar a receber formação relativamente ao uso do Magalhães e não a agir como ovelhinhas amestradas numa sessão que afinal e ao que parece, era de promoção. Já agora pergunto: quem é que financiou esta originalidade?

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