O Triângulo das Bermudas - Conclusão


Depois de em posts anteriores ter abordado os antecedentes do enigma do Triângulo das Bermudas (ver Parte I, Parte II e Parte III) e de ter desmistificado a aura que paira sobre esta região, resta perguntar: afinal há ou não há algo de inexplicável no Triângulo das Bermudas. A resposta é não!

O mito do triângulo resulta apenas de uma abordagem jornalística sensacionalista iniciada na década de 1950 por E. Jones e G. Sand, na qual os autores reuniram histórias incompletas cujas lacunas foram preenchidas por fantasia e explicações fantásticas, sem nunca terem tido o trabalho de averiguar os factos exactos. Numa época em que o sobrenatural e o fenómeno OVNI eram verdadeiras minas de ouro para a comunicação social (ver por exemplo o caso Roswell), a possibilidade de vender uma história como esta era boa demais para ser desaproveitada.


Como mais tarde Lawrence David Kusche explicou na sua obra "The Bermuda Triangle Mystery - Solved", publicada em 1975, o mito resulta de uma série de incidentes sem fundamento. Inicialmente fascinado pelo fenómeno e convencido de que realmente havia algo de muito misterioso no Triângulo, Lawrence Kusche, ex-piloto e instrutor de vôo e de instrumentação e bibliotecário, descobriu que virtualmente todos os incidentes haviam sido causados por tempestades ou acidentes "normais" e que os restantes haviam acontecido longe daquela zona ou, simplesmente, nunca tinham acontecido.

No entanto, por muito que se argumente em contrário, haverá sempre alguém a acreditar religiosamente que o Triângulo das Bermudas é de facto uma região onde o sobrenatural se faz sentir com particular intensidade, tal como acontece em outros locais do Mundo: Witches Hole, no Mar do Norte ou, como o Bruno referiu num comentário ao último artigo, próximo da ilha de Miyake no Japão.


O fascínio pelo Sobrenatural

Nas pessoas haverá sempre a necessidade de acreditar em "algo" que transcenda a normalidade e a monotonia aparente do Mundo. Tal como acontece relativamente às religiões, o fenómeno OVNI ou a Atlântida, as pessoas sentirão sempre este desejo de serem escolhidas para uma revelação fantástica que as liberte da mera condição de ser carnal em presença efémera neste Mundo, com o mero propósito de cumprir a sua função biológica.

Eu próprio senti esta necessidade do "algo mais" quando, por volta de 1999/2000, mantinha um site dedicado a um monumento que, até 1998 fora um enigma arqueológico, sendo o nexo de algumas histórias fantásticas ou sobrenaturais. Falo, evidentemente, de Centum Cellas em Belmonte. Nessa altura, recebia vários e-mails diários com questões, sugestões e críticas, sobre o site e sobre o monumento.

Apesar de o monumento ter sido escavado até ao nível da rocha, tendo sido comprovada a sua origem romana, embora a sua funcionalidade seja ainda alvo de alguma discussão(recentemente surgiram uma outra hipótese), recebi dois e-mails que até hoje guardo na memória e que sugeriam duas teorias completamente diferentes.

No primeiro, era-me sugerida a leitura do livro "História Misteriosa de Portugal" no qual se referia que os construtores de Centum Cellas teriam sido os Elamitas, uma tribo do Médio Oriente que depois viajou para a América Central, muito antes de Colombo ou dos Vikings, onde construiu as impressionantes estruturas dos templos Maias.

No segundo, o autor dizia-me algo como "pois sim, encontrou-se muita coisa romana mas Centum Cellas não poderá ter sido antes uma construção da Atlântida?".

Como se constata, as provas materiais de nada servem contra uma crença obstinada.


Série completa de artigos: Parte 1 - Parte 2 - Parte 3 - Conclusão

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