As fotos mais recentes da Quinta da Fórnea, Belmonte

O sítio ficou agora mais valorizado com a colocação da sinalética de interpretação das ruínas, fazendo do que resta desta antiga villa romana (ver artigo anterior) uma verdadeira aula de História sobre os aspectos específicos da vida doméstica nas propriedades rurais durante a presença romana por estas paragens.

Há contudo muito ainda a fazer: a consolidação dos restantes muros, o desvio das águas pluviais (a última chuvada já deixou marcas) e a protecção de zonas mais sensíveis como os lagares e as termas, ainda em muito bom estado de conservação (que bela surpresa, tendo em conta as agressões que as ruínas sofreram) mas que, agora expostos, irão sofrer uma erosão muito acelerada.

Aqui deixo algumas fotografias tiradas há algumas horas atrás, provavelmente as fotos mais recentes das ruínas que se podem encontrar na Net (Serviço público, ora pois!).

Um painel à entrada começa por fazer uma introdução às ruínas. Ao fundo, a Serra da Boa Esperança, com o local do desaparecido castro da Chandeirinha em evidência.


Todas as zonas estão devidamente explicadas e, num local mais elevado do qual se observa todo o conjunto, encontra-se um painel mais sumário que identifica os diferentes espaços.


Em primeiro plano, a zona de armazéns e de transformação (moagem, têxtil) que tinha mais um piso, entretanto desaparecido mas onde se identifica a "caixa" da escadaria de acesso. À direita da entrada principal, com colunas e calçada, situa-se a parte residencial (pars urbana) da villa. Já à direita na foto distingue-se o pátio principal (havia 3 neste complexo) e o espaço relativo ao jardim onde ainda se distingue o muro de contenção da terra.



Entrada principal do complexo onde, no lajeado em primeiro plano, é possível perceber o desgaste provocado pela passagem de carros de tracção animal. O pequeno espaço contíguo, que tinha, à semelhança de muitos outros na villa, uma lareira, servia provavelmente de guarita para um porteiro que controlava os acessos.


Fustes de coluna e uma base de coluna de estilo toscano reaproveitada no muro de contenção do jardim no centro do pátio principal da villa.



O caldarium (banho quente) das termas, sendo visível o hipocaustum (sistema de aquecimento) formado por arcos de tijolo sob o piso que deixavam circular o ar quente proveniente da caldeira (preafurnium) no compartimento à esquerda. Estas arcadas existem ainda em excelente estado de conservação sob uma banheira semi-circular, típica deste compartimento das termas.



Piso do hipocaustum  com o arranque das arcadas de tijolo.



O vestiário no qual os frequentadores dos banhos se preparavam para os mesmos. Os arcos visíveis na foto, que originalmente deviam suportar bancos corridos, destinavam-se provavelmente a servir para guardar objectos pessoais. Distingue-se ainda uma pequena abertura rectangular no piso que comunica com os esgotos e sobre a qual existia um recipiente em cerâmica para efectuar descargas de água. Alguém arrisca o que seria esta abertura?


Na zona dos lagares, subsistem ainda os restos de um dolium (muitos mais haveria) um pote largo para armazenar azeite ou vinho e que se encontrava semi-enterrado para efeitos de conservação. 


A alguma distância da villa, do outro lado da actual estrada que liga Belmonte a Caria, foi descoberto um conjunto de construções funerárias monumentais. Embora o que foi encontrado fosse maior, deixaram-se ficar estas pedras definindo o formato dos compartimentos. Estariam associados à villa? Provavelmente.

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