Crónicas Canárias III - La Laguna, Património da Humanidade

La Laguna, ou com maior rigor San Cristóbal de la Laguna, é uma cidade situada a curta distância da capital da ilha e província de Tenerife, Santa Cruz de Tenerife, e actualmente inscrita na lista de Património da Humanidade da UNESCO. Para além disso, é considerada a capital cultural das Canárias, sendo sede de uma universidade com uma população de 30.000 estudantes!

La Laguna foi a primeira cidade não fortificada a ser construída nas Canárias no fim do século XV, junto a uma lagoa que viria a ser drenada no século XIX, tirando daí o seu nome. Foi mesmo durante muito tempo a capital política e religiosa do arquipélago. Divide-se historicamente em duas zonas: Villa de Arriba e Villa de Abajo, nomenclatura que lembra um conhecido anúncio publicitário televisivo de um determinado detergente para lavar a loiça.

Uma das casas da Villa de Arriba com uma curiosa cobertura vegetal


A zona mais antiga, a Villa de Arriba, foi fundada em 1497 para albergar antigos soldados. No entanto, em 1502, com base nos conceitos de urbanização de Leonardo da Vinci para a cidade de Imola, um pouco abaixo desta, fundou-se por sua vez a Villa de Abajo. O resultado foi a construção de uma cidade de ruas bem largas e com blocos de urbanização bem definidos e regulares, contrastando assim com a Villa de Arriba, de ruas e casas extremamente irregulares.






As características das construções desta bem delineada Villa de Abajo que mais saltam à vista são, por um lado o colorido das casas, que contrastam e muito com a paisagem sobretudo do Sul da Ilha que é feita de castanho e cinza, e por outro lado o estilo colonial das mesmas, com vários solares.











A cidade de La Laguna encontra-se rodeada de verde, uma característica de toda a zona Norte da ilha que contrasta, e muito, com a parte Sul, agreste e desértica onde a única vegetação existente se compõe de cactos e demais plantas adaptadas à falta de água.

Independentemente disso, não faltam espaços verdes dentro da própria cidade. As árvores mais habituais são os ficus, a icónica palmeira e o peculiar dragoeiro, árvore com extrema longevidade. 


Dragoeiro na Plaza del Adelantado (Comandante Geral / Governador)

Noutra povoação da costa Norte de Tenerife, em Icod de los Vinos, é possível encontrar um exemplar milenar desta árvore. Infelizmente para nós não o pudemos ver uma vez que, à hora nocturna a que chegámos a Icod, o parque onde a árvore se encontra já se encontrava encerrado, isto para grande indignação de 50% da comitiva que quase se predispunha a salta a vedação!

Pormenor da ramificação do dragoeiro

Voltando às construções existentes não só em La Laguna como no resto da ilha, aquelas isentas de tijolo, é interessante para quem vem de fora deparar com a utilização da pedra vulcânica escura nas mesmas. Isso é de sobremaneira evidente nos templos cristãos da ilha.


Torre da Iglesia de la Concepción, a primeira paróquia a ser estabelecida nas Canárias


Torre sineira da Catedral de La Laguna


Catedral de La Laguna, infelizmente de acesso vedado devido às obras de recuperação em curso.


Em suma, é imperdoável vir a Tenerife e não visitar a cidade de San Cristóbal de La Laguna, cidade rica em cultura e história, e onde, pelo colorido das suas ruas, é impossível sentirmo-nos deprimidos.

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