Um menir descoberto no Fundão?



A confirmar-se a sua autenticidade, esta será sem dúvida uma excelente notícia, não só para o conhecimento da história do Concelho do Fundão como também para o conhecimento do povoamento de há milénios atrás na Cova da Beira. Numa das suas habituais saídas de campo, o olhar atento de João Barroca, funcionário da Câmara Municipal do Fundão, recaiu sobre uma rocha com um formato peculiar, que se encontrava semi-enterrada em posição vertical na berma de uma estrada rural. 

Tratando-se de uma pessoa com um interesse muito particular pela História, como aliás é bem sabido por todos aqueles que o conhecem, de imediato achou que se poderia tratar de um menir, tendo -e muito bem!- de imediato feito chegar a informação acerca do seu achado ao Museu Arqueológico do Fundão.


João Barroca ao lado do possível menir


Cabe agora aos especialistas na matéria pronunciarem-se sobre o assunto pois, se por um lado a sua forma sugere que haverá grandes possibilidades de se tratar efectivamente de um menir, haverá ainda algumas questões a clarificar, até porque a rocha tem indícios de manipulação recente. Essa é pelo menos a opinião de Manuel Calado, arqueólogo com grande interesse pela área do megalitismo e com inúmeras obras já publicadas sobre esse tema.




Para que serviam os menires?

O seu nome deriva da associação dos termos bretões men (pedra) e hir (longa) embora também sejam chamados de perafitas em Portugal. Quanto à sua função, essa é uma questão que suscita ainda grande debate, isto apesar de estes pilares rochosos poderem ser encontrados em grande número na Europa Ocidental, estando ainda celebrizados na nossa cultura em várias formas. Quem não conhece o gaulês Obélix, inseparável amigo de Astérix, que transportava sempre consigo um menir? 

Estes marcos, erguidos no final da Pré-História (a partir do 6º milénio antes de Cristo)  destacar-se-iam sem dúvida na paisagem, servindo talvez o culto da fertilidade, para marcar território ou até para demarcar locais de culto, sendo que nestes últimos casos os menires surgem frequentemente em grupo, como acontece no Alentejo, por exemplo. Há também quem defenda tratarem-se de simples manifestações artísticas. 

No concelho do Fundão, mais concretamente no local conhecido como Corgas, junto à aldeia de Donas, foi descoberto em 2008 um menir reaproveitado para estela em época muito posterior, mais concretamente na Idade do Bronze, já no 3º milénio a.C. (ver relatório aqui) Esta impressionante peça encontra-se actualmente no Museu Arqueológico do Fundão, em frente à não menos admirável estela do Telhado, encontrada no ano passado. 


Vista para a aldeia do Telhado, a partir do sítio do Souto do Senhor

Também  no ano passado e na freguesia do Telhado, mais concretamente no local chamado de Souto do Senhor, foi identificado aquilo que, segundo a equipa do Museu Arqueológico do Fundão, corresponderá a um povoado pré-histórico.

Imagem "Obelix" - The Asterix Project

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