Imagens da última etapa da Grande Rota da Transumância



A Grande Rota da Transumância começou no passado 1 de Maio e terminou ontem, ligando as planícies do concelho de Idanha-a-Nova que bordejam o rio Tejo aos planaltos estivais verdejantes da Serra da Estrela. Tratou-se de uma excelente iniciativa de cooperação intermunicipal (Guarda, Idanha-a-Nova, Fundão,  Castelo Branco,  Covilhã, Manteigas e Seia) que, tendo como objectivo a promoção dos produtos locais agro-pecuários, recriou os milenares trajectos da transumância, os corredores de circulação sazonal dos rebanhos, verdadeiras artérias de alimentação da economia das comunidades de outrora. 

O toque de originalidade desta iniciativa teve a ver exactamente com a ligação íntima às práticas da transumância, desde já na forma das próprias caminhadas, que foram feitas na companhia de um rebanho, experimentando depois as várias actividades associadas (tosquia, produção de queijo,...), assim como os sabores.

Não tendo tido oportunidade de participar nos percursos anteriores, consegui felizmente participar no último troço que ligou a zona de Manteigas a Penhas Douradas. Digo felizmente porque deu para tudo: para apreciar um passeio numa zona lindíssima, para participar em excelentes momentos de convívio, reencontrar caras conhecidas (inclusive uma ex-colega de curso que já não via há cerca de 10 anos!), deliciar-me com o pequeno-almoço e um belo almoço tradicional e, last but not the least, recordar com uma certa melancolia os momentos de infância em que acompanhei o meu avô paterno na sua actividade de pastorícia.

O percurso acabou por ser curto, infelizmente, menos de 10km percorridos acima dos 1.000m de altitude (1.500m nas Penhas Douradas), mas nem isso obsta a que sejam dados os parabéns à organização.

Partilho aqui algumas imagens desta jornada de boa memória:



Concentração na Cruz de Jugadas. Após alguns minutos de espera chega o rebanho.


O rebanho estava bem guardado por dois cães da Serra tão mansos quanto fotogénicos


Subida do rebanho para o planalto do Campo de São Romão ou Campo Romano - I

Subida do rebanho para o planalto do Campo de São Romão ou Campo Romano - II


Subida do rebanho para o planalto do Campo de São Romão ou Campo Romano - III


Chegada ao Campo de São Romano ou Campo Romano, onde diz a tradição popular, terão sido encontradas moedas "do tempo dos Césares", assim como vestígios de fortificação, actualmente desaparecidos.


Todo o planalto está actualmente ocupado por searas de centeio.


Os "atiradores furtivos" camuflados pelo centeio.


Entre duas searas, o amarelo das giestas e o rosa da urze (ou érica) cobrem as encostas que se avistam ao longe, tudo coroado pelo branco da neve que caiu nos últimos dias. 

Os caminheiros não se deixaram intimidar pelo frio e aderiram em cerca de meia centena.

Passagem pela Pousada de São Lourenço







Embora chamados ovelhas, os bichos revelaram-se grandes rebeldes, obrigando aqui e ali a um maior esforço por parte dos pastores!








Finalmente, Penhas Douradas à vista!

Um casal de Manteigas extremamente simpático, posando junto a uma "alminha". Durante o almoço foi um prazer sentar-me com eles e ouvir histórias de outros tempos.



O Cão da Serra não serve necessariamente para guardar ovelhas. Também os fotógrafos têm de ser vigiados de perto!


Entrada no bosque para a última meia hora de percurso




Pastores modernos em momento de pausa.


Passagem pela famosa estação meteorológica das Penhas Douradas.




O grande Proença, fotógrafo oficial da Rota da Transumância, mostrando os seus dotes de polícia sinaleiro.


Uma ovelha juvenil, com o freio de desmame, saboreando um belo gelado com sabor a erva

Chegada à colónia infantil de Penhas Douradas, os pastores e o rebanho despedem-se dos participantes


Atente-se no ar resoluto da equipa transumante!


Foto de grupo (parcial)!


Para já os rebanhos pastam nas altitudes em sossego até ao fim do Verão, sendo que em Setembro terá início o percurso inverso, partindo da Serra rumo às planícies da Idanha, percurso que será articulado com o Festival Chocalhos, de Alpedrinha. Alguém se atreve a perder esta oportunidade?

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