No Trilho da Muralha de Adriano - Dia 1

Mapa do percurso.
(clicar para ampliar)

Dia 1 - De Wallsend a Heddon-on-the-Wall (25km + 3 de descontos)

[Todas as etapas: Dia 1 - Dia 2 - Dia 3 - Dia 4 - Dia 5 - Conclusão]

Quando acordámos para o nosso primeiro dia de caminhada ao longo do Trilho da Muralha de Adriano, ficámos um pouco preocupados com o tom cinzento escuro do céu. Decidimos no entanto deixar as preocupações para depois do pequeno-almoço e de umas belas canecas de café (pelas nossas contas, a taxa de câmbio do café britânico para o café português é de 3,75 canecas para uma chávena).

O proverbial humor inglês manifestou-se logo na conversa que tivemos com dois funcionários mais velhos do hotel: -"Vocês vão fazer o trilho?! Bom, desculpem lá o tempo que está!". Obviamente que lhe disse que não fazia mal pois, conhecendo alguma coisa sobre Inglaterra, não trazíamos expectativas muito elevadas a respeito da meteorologia, levando uma uma risada geral. A comparação com o clima português foi depois inevitável mas ficaram extremamente surpreendidos quando lhes disse que, na semana anterior, tinha nevado na nossa região. Ao explicarmos que havia em Portugal quem dissesse que este "Inverno de Verão" seria uma imposição do FMI pois estaríamos a viver Verões acima das nossas possibilidades, voltaram a rir e -claro está!- deu azo a mais um comentário irónico -"Bom... é uma teoria. Um bocado fraca, mas uma teoria!". 

A preparação final! O ar resoluto diz bem do nível de determinação, isto se conseguirmos ignorar a dificuldade em conseguir fechar tudo o que é fecho da mochila em tempo minimamente decente.


Tudo tratado, saímos finalmente do hotel para atravessar a zona residencial até à estação de metro de Chillingham Road, a partir de onde viajaríamos até ao ponto de partida da nossa caminhada que, 5 dias depois, nos levaria à costa oposta de Inglaterra.

Estação de metro de Chillingham Road. O caminho era por enquanto para Este.

Wallsend e o Forte de Segedunum

Wallsend, uma zona residencial periférica que prosperou a partir da Revolução Industrial, quando era então um descampado, devido às suas minas de carvão, fica a cerca de 6 km para Este do centro de Newcastle e é aí que se situa o início (ou fim, para quem começa na extremidade oposta) do trilho da Muralha de Adriano, mais precisamente nas ruínas e centro interpretativo do forte romano de Segedunum. Numa primeira fase de construção, o extremo da Muralha situava-se em Pons Aelius, portanto na zona do actual castelo normando da cidade, tendo sido depois prolongada até Segedunum, sem ter no entanto a espessura e os cuidados defensivos que em geral foram aplicados no grosso da Muralha. Mal chegámos à estação de Wallsend, avistámos imediatamente a torre de 34m que foi construída para permitir uma vista panorâmica dos vestígios do forte.


Entrada para as ruínas, museu e centro interpretativo do forte romano de Segedunum.

Apesar de ser o forte mais escavado de todos os da Muralha, das ruínas propriamente ditas pouco há para ver. O facto de esta ter sido uma zona de construção intensa levou ao desaparecimento de praticamente toda a pedra que ainda sobrava. Inclusive, sobre o forte, foram construídos várias naves fabris e um hotel (este comprovadamente todo com pedra do forte). A própria estrada corta um terço do forte mas as intervenções nessa área, que actualmente é residencial e não faz parte do conjunto visitável de Segedunum, deixaram uma boa ideia da sua forma original. Estima-se que a guarnição deste forte tenha sido composta por 600 soldados. Fora do perímetro do forte para Sudoeste, foi construído um edifício que recria aquilo que terão sido as termas do forte.

Vista aérea do forte de Segedunum, sendo bem visível a sua forma original. Também é possível a forma como este forte encaixava na Muralha (que destaquei a vermelho), tendo três portas abertas no lado Norte e uma aberta para Sul. No canto inferior direito, vê-se a muralha a inflectir para terminar pouco depois na margem do rio Tyne. 



Da torre avista-se a disposição geral do forte, as termas que foram construídas de raiz para efeitos pedagógicos (foram copiadas em espelho dos vestígios de outro forte). Avista-se também parte dos antigos estaleiros e um belo céu carregado de nuvens.


Pormenor dos aquartelamentos e cavalariças. Estas distinguem-se pelas cavidades destinadas a receber e conter a urina dos cavalos. Não chegámos a saber como é que esta era depois retirada mas também não fizemos muita questão de tirar essa história a limpo.

As Termas

As termas romanas, esse ícone da cultura romana, eram acima de tudo locais de socialização onde se discutia política, negócios, coscuvilhices ou, como seria aqui mais provável, acontecimento mais ou menos importantes da vida militar dos soldados do forte. O banhista devia sempre começar por praticar ginástica ou luta livre, passando em seguida ao sudatorium, uma sala muito quente que o fazia suar. Em seguida, passava para o banho quente, o caldarium, depois para o banho tépido, o tepidarium, e finalmente para a piscina do frigidarium, o banho frio. No final era massajado e untado com óleos aromáticos.

O edifício das termas foi uma adição contemporânea, para efeitos pedagógicos. Haveria de facto umas termas (fora do forte para não distrair os fanáticos dos banhos) mas não se sabe ainda onde. Estas foram baseadas na planta das do forte de Chester (daqui a dois artigos falamos dele!) mas, para poderem encaixar neste cantinho, a planta foi aplicada em espelho em relação à original. 


O edifício das termas, com o típico telhado romano




Parte muito interessante: como é que os romanos aqueciam as termas? Graças a um sistema chamado hipocausto em que o calor gerado por uma fornalha circulava sob o chão, que era sustentado por pequenas colunas ou arcos de tijolo e pelas paredes e tecto através de tijoleira oca. 


Não se aplicou mosaico no pavimento porque se pensou que, sendo umas termas para militares, a funcionalidade era mais importante que o requinte da decoração. Ainda assim, houve um evidente esmero na aplicação de frescos nas paredes e no tecto e saímos daqui com bastantes ideias arrojadas para a decoração da sala lá de casa.

Uma fonte no sudatorium, para que os banhistas pudessem molhar a cara ou beber para não desfalecerem devido ao calor.


As Latrinas das termas

No mundo romano abundavam as latrinas públicas nas quais, em longos bancos com pequenas aberturas, as pessoas se sentavam lado a lado. Consegue-se facilmente imaginar as belas conversas que decorreram nestas belas instalações sanitárias de uso colectivo, enquanto se aliviava o organismo de matérias dispensáveis mais ou menos odoríferas. Certas latrinas públicas teriam até capacidade para uma centena de utilizadores heterogéneos nos seus níveis de aflição.

Já agora, a título de curiosidade, sabiam que para os romanos a urina era valiosa? Para esta existiam pias colectoras onde ela era descarregada por quem precisava de se aliviar. O conteúdo das pias era depois vendido para a indústria têxtil sendo usado para o branqueamento de togas, por exemplo, graças à presença de amoníaco na sua composição. Também era usada para (deixem-me aqui consultar a cábula) branquear os dentes e como remédio contra alguns males. Adiante.




Como não podia deixar de ser, eis as latrinas! Os romanos usavam um antepassado do papel higiénico: esponjas espetadas na ponta de um pau. Para além da água que corria sob os assentos, também aos pés dos utilizadores havia uma caleira na qual corria água limpa que servia para lavar as esponjas no final do processo.

Para uma imagem mais concreta do ambiente comunal das latrinas, encontrei este pequeno vídeo demonstrativo. Ignorem a presença feminina pois, se no caso de latrinas públicas estas eram usadas tanto por homens como mulheres, já neste caso em particular só era usada pelos soldados do forte.



A Muralha e os seus construtores

No exterior perto da cerca junto à qual passa o trilho, encontramos uma estela que recorda os construtores da Muralha. Todos? Claro que não. A Muralha foi construída de 122 a 128 d.C. pelos soldados de 3 legiões, numa altura em que as legiões eram compostas por cerca de 5000 legionários e muitas vezes um número equivalente de auxiliares (soldados que não eram cidadãos romanos). As legiões dividiam-se depois em 10 coortes e cada uma destas em 6 centúrias, comandadas por um centurião. Na construção da muralha, à semelhança do que acontece nas construções medievais com as marcas de canteiro, os soldados das centúrias assinalavam a parte da Muralha que havia construído com uma inscrição com o nome do seu centurião. Nesta estela estão pois compiladas todos os nomes de centuriões encontrados até agora ao longo da Muralha.

A estela dedicada aos "construtores" da Muralha de Adriano

Fora do perímetro do forte e junto aos vestígios da Muralha de Adriano que se estendem para Oeste, foi construído aquilo que terá sido o seu figurino original, com cerca de 4m de altura. Discute-se ainda o formato das ameias mas, sobretudo, se seria ou não caiada de branco para ser vista ao longe como símbolo da glória de Roma. Na face oposta desta construção foram experimentados para efeitos ilustrativos alguns tipos de revestimento.


A (re)construção da Muralha junto aos alicerces da verdadeira e, em primeiro plano, alguns troncos assinalam as cavidades para postes encontradas nas escavações. Não se sabe se teriam feito parte de alguma estrutura defensiva ou se estariam associados à povoação que se desenvolveu à volta do forte e em ambos os lados da Muralha.


Experiências de revestimento


A caminho!

Na visita a Segedunum acabámos por nos distrair um pouco e, quando demos conta, já era quase meio-dia! Comprámos os passaportes para irmos carimbando ao longo do trilho e assim obtermos um belo certificado no final, recuperámos as mochilas que havíamos deixado na recepção, e fizemo-nos ao caminho! É difícil dizer ao certo onde é que aqui começa (ou acaba) o trilho. Nós decidimos partir do princípio que o mesmo começa simbolicamente junto à estela e na prática atrás do centro interpretativo com o início da rampa que dá acesso à "Hadrian Way".

"A minha intuição feminina diz-me que o trilho começa aqui!"

Esta rampa dá acesso à via mista (ciclovia nº72 e via pedestre) que foi construída sobre uma linha de caminho de ferro abandonada. Desta ainda se podem ver ao longo do caminho os vestígios de várias pontes actualmente demolidas. Esta ciclovia 72 faz parte da National Cycle Network que, no Reino Unido, agrega quase 23.000 km de ciclovias (ver aqui). Espantoso! Já em relação à via pedestre, esta Hadrian's Wall Trail integra-se no conjunto dos chamados National Trails que, só em Inglaterra e Gales, se estende por 4.000km! Já na Escócia, existe um conjunto de trilhos próprios, os Great Trails, formando uma rede de mais de 2.700 km!

Entrando na via, encontrámos mais à frente a secção da Muralha que partia do forte e terminava na margem do rio Tyne. Esta seria a última vez que veríamos vestígios da Muralha antes de Heddon-on-the-Wall, o fim da etapa portanto. Isto tem a ver com a decisão no planeamento do trilho de tirar os caminheiros  da malha urbana, levando-os a percorrer um percurso muito mais calmo e interessante junto ao rio. Há também que ter em conta o facto de já não haver praticamente vestígios da Muralha em Newcastle. Existem sim mais a Oeste (ver mapa no início do artigo) restos da entrada Sul de um forte (Forte de Condercum) e ainda de um pequeno templo dedicado ao deus de origem germânica (actual Alemanha) Antenociticus. Os soldados deste forte eram portanto germanos.


O último troço da Muralha antes do fim da etapa, o trilho sobre uma antiga linha de caminho de ferro e uma valente caminheira a preparar-se para gastar as solas (as suas e a do bastão).

Em Newcastle fez-se um trabalho muito bom no que diz respeito a vias pedestres e ciclovias, começando na forma como as antigas linhas férreas do período áureo industrial foram reaproveitadas e terminando na forma como estas foram rodeadas de áreas florestais que as isolam da visão das zonas fabris. No caminho cruzámo-nos várias vezes com ciclistas e outros caminheiros, apesar de estarmos em horário laboral numa Segunda-feira. Pouco depois de termos começado chegámos ao início da zona urbana de Newcastle mas só após mais de uma hora chegaríamos ao centro.

Newcastle outra vez, pela última vez.



O trilho chega finalmente ao rio Tyne, numa zona que infelizmente sofre ainda com a poluição de uma fábrica de alcatrão que já não existe actualmente. Dado novo: o Sol deu mostras de querer aparecer.


Quase, quase à vista do centro de Newcastle, a marina de Saint Peter quebra de certa forma a monotonia do caminho.



Finalmente no horizonte avistam-se as pontes que nos indicam que estamos já a chegar ao centro da cidade.  Estas pontes são um símbolo de Newcastle.

Alinhamento "pontenário". Quantas pontes conseguem contar?


A Millennium Bridge, a ponte mais recente inaugurada em 2002. Trata-se de uma ponte pedonal com características únicas. O tabuleiro e o arco são uma única peça e quando a ponte é movimentada para deixar passar o tráfego fluvial, pivoteia, ou seja, o tabuleiro e o arco deslocam-se no sentido dos ponteiros do relógio. Nesse mesmo momento, o conteúdo dos caixotes de lixo da ponte é automaticamente descarregado para depósitos nas extremidades. Para lá da ponte avista-se o BALTIC, um centro de arte contemporânea instalado numa antiga moagem.


O SAGE, da autoria do famoso arquitecto britânico Norman Foster, responsável entre outros projectos pelo actual Estádio de Wembley e pelo "supositório" de Londres, é um centro de conferências e espectáculos que não passa despercebido nas margens do Tyne.

Nesta altura do percurso, decidimos fazer um pequeno desvio para o centro de Newcastle para ir comer qualquer coisa. Acabámos por aproveitar a oportunidade para entrar na Catedral de São Nicolau, que no dia anterior já estava fechada.


Pontes sobre a "baixa" de Newcastle


A Catedral de São Nicolau, patrono dos navios e marinheiros. Este templo, actualmente a sede de diocese mais a Norte de Inglaterra, tem uma história que começou em 1091, sendo que o edifício actual remonta ao século XV. No exterior, uma estátua  de 1903 recorda a rainha Vitória. Do outro lado da rua há uma loja Subway que serve excelentes sandochas de chicken tikka.



O interior da catedral está cheio de memoriais. O mais antigo é do século XIII e pertence a um nobre da corte de Eduardo I (o "Pernas Longas" e mau da fita do filme Braveheart). Este edifício quase foi destruído num bombardeamento por tropas escocesas no prelúdio da guerra civil, mas o então mayor teve o discernimento de encher a torre com prisioneiros escoceses e com isso salvou a catedral.

Regressados à margem do rio, a belíssima zona de Quayside, devorámos as sandochas (mau grado um pequeno acidente que espalhou chicken tikka por cima das nossas bagagens) e retomámos a caminhada. Lentamente fomo-nos afastando da zona urbana de Newcastle, após alguns quilómetros também do rio, e quando chegámos a Denton (onde no nome do Denton Turret Medical Centre sobrevive a referência a uma das torres da Muralha), já estávamos numa aprazível zona de subúrbios.

Denton, uma zona bem calma na periferia de Newcastle.

Novamente numa via rodeada de árvores, que não deixavam ver de um lado os pavilhões fabris e, do outro lado, a zona residencial, chegámos a Lemington e foi precisamente aqui que vivemos um dos momentos mais assustadores de todo o trilho. Numa altura em que caminhávamos despreocupadamente neste corredor verde, avistámos subitamente um viaduto que passava por cima da via e, por baixo deste, paradas e de mão dada estavam duas meninas com... máscaras do Justin Bieber! É difícil lembrar-me da última vez que apanhei um susto destes, que me paralisou os movimentos e nem sequer me deixou tirar uma fotografia. Só me conseguia lembrar daquela cena do filme "The Shinning". Como assim "Qual cena?". Esta cena:


Elas começaram a caminhar para nós, nós começámos a encostar-nos à beira do trilho, e quando passaram a olhar para nós através daqueles buracos negros na cara do Justin Bieber só consegui exclamar "Now, that is something spooky!", ao que elas responderam com algo que não percebi mas que me pareceu semelhante a uma praga de 1.000 anos. 

Procurando esquecer este sinistro encontro, continuámos a percorrer o segmento de Lemington que eventualmente nos levou de volta à margem do rio Tyne e a um local emblemático do Trilho da Muralha de Adriano: a Boat House. Trata-se de um pub com mais de 300 anos de existência e que proporcionou um belo momento de pausa para reidratação com vista para o rio.


Um inquietante aviso amarelo na cerca do The Boat House. Teria a ver com o nosso encontro recente no trilho?

Este momento de pausa proporcionou também um curioso momento de diálogo(?) com um cidadão local idoso que saía do pub, depois de nitidamente aí ter feito um avultado investimento em cerveja. A experiência de falar com um "geordie" nestas condições é semelhante a falar com alguém versado exclusivamente em mandarim e fomos obrigados a recorrer mais uma vez à técnica do acenar afirmativamente com a cabeça e sorrir. Só quando o senhor repetiu pela 3ª ou 4ª vez aquilo que estava a dizer, e apontou para a Ana dizendo mais alguma coisa e a palavra "Denmark", é que percebemos que nos estava a perguntar de onde éramos. -"Ahhh! Blá blá bla Portugal! Blá blá blá Portugal blá blá!". Despedimo-nos do nosso companheiro de conversa e seguimos em frente.

A perspectiva pós-pausa para hidratação que mostra um pouco da antiguidade da casa. Na parede exterior existem várias marcas com datas que assinalam o nível de cheias excepcionais ocorridas no passado. A marca relativa ao ano de 1771 situa-se acima das portas e janelas do rés-do-chão!

Após passarmos pelo memorial da batalha de Newburn Ford, na qual em 1640 os escoceses venceram os ingleses, deixámos finalmente o alcatrão (que alívio!) para fazermos os últimos 4km em terra batida. Mantivémo-nos sempre junto ao rio, embora o Trilho propriamente dito tenha sido redireccionado para uma ciclovia/via pedestre. Justificou-se plenamente e a caminhada tornou-se muito mais interessante. Entretanto, encontrámos um homem que passeava o seu cão e que nos acompanhou em boa parte do percurso, acabando por ser uma boa distracção. Finalmente despedimo-nos e iniciámos a parte mais desnivelada do percurso na subida final para Heddon-on-the-Wall.






Como não ficámos exactamente em Heddon, usámos um trilho alternativo para chegar ao local onde iríamos ficar durante a noite: a Houghton North Farm. Aí fomos recebidos pela Paula, uma senhora extremamente despachada que nos perguntou se já tínhamos comido alguma coisa, propondo-nos que deixássemos já as mochilas no quarto e oferecendo-se para nos dar boleia até ao centro de Heddon, uma vez que eram quase 21h e o pub deixava de servir às 21h30. Aceitámos de bom grado e seguindo as suas indicações, dirigimo-nos para a carrinha de caixa aberta que se encontrava no pátio da quinta. "Wrong side!", gritou-nos, ao ver que nos dirigíamos para o lado direito da carrinha. -"Não se preocupem", disse-nos "Isso está sempre a acontecer aqui." e com uma condução tão rápida quanto o seu discurso, deixou-nos à frente do The Swan, onde nos deliciámos com um belo buffet de carnes e legumes.


O The Swan, um dos dois pubs de Heddon-on-the-Wall


Consolo para a vista e para o estômago!

Após o jantar, saímos para dar uma volta pela povoação e fomos até ao segmento da Muralha de Adriano que aqui se encontra à vista. Para quem vem de Newcastle, este é o primeiro troço da muralha depois de Segedunum e mede mais de 200m de comprimento, com 3m de largura. Muita da pedra utilizada para construir a igreja da aldeia no ano de 650 veio daqui e, a própria Muralha sofreu intervenções posteriores, como a construção de um kiln durante a Idade Média, uma espécie de secadeira em forma de garrafa para a secagem de milho.


O mais comprido segmento escavado da Muralha de Adriano com a espessura de 3m. Esta varia à medida que se avança para Oeste e há troços onde tem menos de 2m.

Regressámos finalmente à Houghton North Farm, após termos feito mais 3km de caminhada, para um belo banho e uma noite de descanso para o 2º dia de caminhada que, como viríamos a descobrir da forma mais dolorosa, viria a ser épico!

Próximo capítulo: O dia em que deixámos os pés e um pulmão e meio pelo caminho por causa de uma cidade romana.

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