Rescaldo eleitoral das Autárquicas 2013

Terminadas que estão as eleições autárquicas, há muito para dizer e analisar. O primeiro facto relevante, na minha perspectiva pessoal, claro, é que não fui eleito, embora soubesse de antemão que a tarefa seria muito complicada. Tenho realmente pena de não poder trabalhar de forma mais activa para o bem comum deste cantinho da Beira mas -lá está!- a participação cívica pode ser feita de muitas e variadas formas. Certo é que 2014 irá trazer algumas boas novidades nesse aspecto.

Em relação a tudo o que girou à volta das eleições, campanha eleitoral inclusive, aquilo que primeiro me ocorre dizer é que foi indiscutivelmente uma experiência muito gratificante. Conheci um grupo que me acolheu da melhor forma, feito de gente determinada, voluntariosa e acessível. De igual modo, foi muito gratificante partilhar ideias e contactar com as pessoas que foram todas elas muito acolhedoras e receptivas. Houve episódios curiosos, claro. Destaco pelo meio o fair play daquele senhor que insistentemente me pediu um isqueiro que eu não tinha para dar e a simpatia daquele outro cujo cão investiu sobre mim, tendo-se detido a apenas um palmo de uma zona anatómica que me é particularmente cara.


Os números

No Fundão, manteve-se o cenário anterior. Na Câmara Municipal venceu a lista do PSD liderada por Paulo Fernandes, seguida do PS, CDU, CDS e, finalmente, do PTP. Em mandatos, a representação mantém-se em 5 elementos do PSD e 2 do PS. Sendo uma pessoa que aprecio, só posso desejar ao Paulo Fernandes força, coragem e sorte para este, agora sim, mandato completo para pôr em prática as suas ideias. 

Não concordo no entanto de forma alguma com a reinclusão na lista de um elemento que, tendo já feito parte do último elenco autárquico, saiu a meio do mandato para, de forma surpreendente (ou não) ter ido desempenhar funções de assessor de um ministro em Lisboa. Que imagem é que isto passa? Que confiança é que isto inspira aos cidadãos? Aguardemos pelos próximos capítulos.



Para a Assembleia Municipal, o cenário repete-se, vencendo mais uma vez o PSD. Em termos de mandatos, o PSD consegue 14, seguido do PS com 8 e finalmente da CDU que mantém os 2 que já detinha. Destacam-se aqui também os votos em branco que, por pouco, não conseguiam também eles um mandato.


Finalmente, para a Junta de Freguesia, que resultou da união das freguesias de Fundão, Donas, Valverde, Aldeia Nova do Cabo e Aldeia de Joanes, a lista DAR -a lista independente do PSD-, voltou a vencer, seguida da lista do PS, depois a lista independente UPF e finalmente a CDU. Em termos de mandatos temos aqui a perspectiva de uma coligação já que a lista DAR tem 6 mandatos contra 7 do conjunto dos adversários. 




Os cidadãos estão desinteressar-se!

Em termos partidários, é significativa a descida de votos no PSD, PS e CDS, especialmente nos dois primeiros partidos. Embora tendo tido uma votação modesta quando comparada com os dois principais partidos, a CDU registou uma subida muito interessante, aliás, foi mesmo a única força partidária a subir nas votações.

Preocupante é ver a tremenda subida da absentação e ainda dos votos em branco e dos votos nulos, num claro sinal de desinteresse e descrença dos cidadãos em relação às forças governativas. Este é um problema grave que deve obrigar tanto vencedores como vencidos a uma profunda reflexão. Nos próximos 4 anos será prioritário envolver os cidadãos nos projectos desenvolvidos, ouvi-los, alimentar a sua autoestima e o seu brio. Os autarcas não podem passar os próximos 4 anos fechados nos seus gabinetes. Mas este esforço não recai só sobre quem foi eleito. A oposição tem também inevitavelmente um papel importante neste esforço. Boa sorte a todos!

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